sábado, 28 de junho de 2008

Forneckation am Main - Compilação 1

Tavam reclamando que este blog estava desatualizado...

Então, pra me redimir, um post ontem e um videozinho hoje.

Não são que nem as ótimas reportagens que o Neto faz no seu blog, até porque estudei Engenharia e não Jornalismo, mas acho que já dá pra quebrar o galho.



E um abraço pro meu amigo Penczek, que comentou no post passado.

E sem apostas, Neto... Melhor não...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

LUxemburgo + Os reis do festival

Primeiramente, desculpas pela grande defasagem entre posts. Eu sei que muito de vocês chegaram até a se questionar se eu continuava vivo, ou se então eu estava junto com os pelados do parque tomando banho de sol... Nenhum, nem outro. Mas tô vivo, sim.

Fiquei muito feliz em ver que tem mais gente da Souza Cruz acompanhando o blog. Um abraço pra Néia, pro Paulo Maciel e pro Daniel C. Vagheri, que, se não estou enganado, é o Daniel Costa. Se estiver, por favor me corrija, pois não me lembro deste sobrenome, Daniel. E mandem um abraço pro resto da fábrica...

Bom, como o meu último post foi a muito tempo atrás, então ficou muito assunto acumulado pra contar. Vou tentar dar uma resumida então.

Há dois finais-de-semana atrás, a Lu veio me visitar aqui em Frankfurt. Na última vez que ela tinha vindo pra cá, eu ainda estava morando no apartamento da escola, então ela não tinha convivido ainda com a alemoada que mora comigo e nem visto como é o meu novo dia-a-dia no lugar onde moro. No sábado, o Okan e a Mica alugaram um carro (uma Mercedes com GPS) pra visitarem Luxemburgo, e nos convidaram pra ir com eles e rachar a gasosa e o aluguel. E junto com a gente ainda foi o Cenk, outro turco muito gente boa da escola. Uma coisa muito legal aqui dá Alemanha é que como ela faz fronteira com uma renca de países, é muito fácil e rápido viajar para outros lugares. E somando a qualidade das estradas com a ausência de limite de velocidade das Autobahn mais a qualidade do carro que a gente alugou, em cerca de três horinhas já estávamos em plena Luxemburgo. Mas não pensem que corremos muito, não. Na verdade, aqui a faixa de velocidade em que se anda é de 140 a 120 km/h, mas não é perigoso não, porque nem parece que estávamos tão rápido. Os motoristas são mais responsáveis e não tem aquelas Chevettadas, Brasílias e Fuscaredos nas estradas. E para a Mercedes em que estávamos, essa velocidade é melzinho na chupeta. Que bom que seria se a Freeway fosse assim.

Luxemburgo é lindo, com muitos prédios antigos que parecem com pequenos palácios, ruas de pedras que lembram os tempos medievais, ruínas de construções antigas e coisas do tipo. É um país minúsculo, então não é muito agitado. Tudo muito turístico, muito conservado e tudo mais. E como a cidade é pequena, ainda deu pra tentar ver um castelo pelas redondezas, e depois visitar Trier, a cidade mais antiga da Alemanha (pelo menos, foi o que me falaram). O castelo era bem sem graça, mais ruína do que castelo, e ainda por cima quando chegamos lá já estava fechado, então só deu pra ver de fora. E Trier é bem bonitinha, mas meio sem vida, pois quando chegamos lá o comércio já estava fechado e não tinha muita gente nas ruas (até porque estava chovendo). Confiram as fotos no meu Flickr ao lado.

Abaixo, o roteiro da viagem.


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Mudando de tópico, no outro final-de-semana o Robert inventou que tinhamos que ir, sem falta, à um festival de rock em Neuhausen ob Eck, no estado de Baden-Württemberg, extremo sul da Alemanha. http://www.southside.de/ Neste festival tocariam bandas grandes, como Foo Fighters, Radiohead, como também bandas alemãs pequenas, das quais eu nunca tinha ouvido falar. Só um pequeno detalhe, o preço do ingresso era 150 euros. E como nem ele, nem eu, nem a Marielle queríamos desembolsar tamanha quantia, fomos sem ingresso mesmo e lá tentaríamos comprar de quem tivesse ingressos sobrando mais. O Robert pegou o micro-ônibus emprestado da marcenaria onde ele trabalha (aliás, muito obrigado chefe do Robert), colocamos um colchão de casal dentro, mais um freezerzinho refrigerado do Robert (tipo um isopor com sistema de refrigeração de ligar no acendedor do carro), mais nossa inseparável churrasqueirinha, mais algumas cervejas, comidas e se tocamos pra lá.

Chegando lá, para nossa surpresa, já havia uma multidão de pessoas com cartazes escritos "Suchen Karten" (procurando ingressos), ou seja, muitas pessoas tiveram a mesma idéia que a gente, e como a demanda era maior que a oferta, os preços dos ingressos não caíram tanto quanto imaginávamos. O que pra mim foi ótimo, pois ao invés de irmos pro Festival, decidimos viajar pela região sul da Alemanha, oportunidade que lá sei eu se vou ter na vida de novo. Paramos o micro-ônibus em uma plantação, de onde conseguiamos enxergar o festival pelo lado de fora, e ali mesmo decidimos passar a noite. E dae que vem a origem do título do segundo tópico de hoje. O Robert inventou de fazermos o churrasco em cima do micro-ônibus, então colocamos a churrasqueirinha, cadeira, isopor, saco-de-dormir, tudo pra cima da van e assamos a carne lá mesmo. Só que onde estávamos era bem a entrada do estacionamento do festival, então todo mundo que passava de carro pela gente abanava, buzinava, parava pra tirar foto, gritavam coisas em alemão que eu não fazia a mínima idéia do que se tratava. Acho que devo ter abanado pra mais de 100 pessoas, saído em mais de 30 fotos, e por ae vai. E, lógico, eu trajando o manto sagrado (que nem a minha prima Gudy comentou, obrigado pai por eu ser gremista). Abaixo, uma foto minha enquanto eu abanava pra uma foto de um carro que passava. Realmente nós eramos os reis do festival.


E enquanto eu abanava, um fato curioso aconteceu. O Robert olhou pra maneira como eu estava abanando, com o braço levantado fazendo movimentos lentos, e me reprimiu: "Rafael, não faz assim!! Aqui na Alemanha você não pode abanar assim! Tem que ser com o braço na altura do ombro e com movimentos rápidos, pois as pessoas podem achar que você está fazendo o cumprimento nazista!!" E me disse então que até políticos são instruídos aqui de como abanar de maneira a não lembrar Hitler. Foda, o passado persegue eles até hoje.

No dia seguinte fomos em direção ao lago Titisee, e no caminho vi uma das paisagens mais bonitas que vi na vida. A estrada passa por partes da Floresta Negra, e o cenário parece aqueles do comercial de chocolate suiço: montanhas, imensos gramados verdes nos pés dos morros e no topo grandes pinheiros de cor verde-escuro, casinhas coloniais, pequenas plantações e por ai vai. Esta região é muito bonita, vale a pena visitar.

O lago Titisee lembra muito o lago negro de gramado, só que em dimensões 20 vezes maiores. E nele dá pra tomar banho (só que a água é gelada), navegar, andar de jet-ski, pescar,... E na volta, muita montanha e pinheiro. Tomamos um banho neste lago e depois ficamos lagarteando no sol (para os não-gaúchos que lêem este blog, lagartear é ficar de bobeira no sol, esquentando o corpo). Muito legal.

Depois fomos pra Freiburg, onde vimos o jogo da Rússia x Holanda e dormimos.

No domingo, Strasbourg, uma cidade que já pertenceu a Alemanha mas que agora pertence a França (sim, eu fui pra França). Então muitos prédios tem a arquitetura germânica, mas a língua local é francês. Muito linda esta cidade, prédios muito antigos, ruelas, igrejas históricas, um rio que passa por dentro dos prédios da cidade. Linda, linda, linda.

E depois de Strasbourg, Richtung Franfurt. Até porque já estávamos mortos e há dois dias sem tomar banho.

Abaixo o mapa do roteiro da viagem.


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E pra finalizar uma foto da minha janela, pois, como vocês devem saber, a Alemanha está na final da Eurocopa, junto com a Espanha. Ou seja, duelo de blogs, Forneckation am Main X Barceloneto, blog do meu amigo Neto que está morando em Barcelono. E ai, Neto? Topa uma apostinha? Melhor não, porque o time da Espanha é melhor que o da Alemanha.



Cansei de escrever.

Confiram as fotos.

Abraços.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Eurocopa 2008 + Coisas que só acontecem na Alemanha

Finalmente começou a Eurocopa... Depois de muita propaganda na TV, até que enfim começou o tão esperado campeonato das seleções européias. Mas não pensem que a Eurocopa é que nem a nossa Copa América, que ninguém nunca sabe quando tem, ninguém dá bola antes de começar, todo mundo só sabe que existe quando começa, todo mundo só assiste aos jogos do Brasil, e por ai vai. Não, a Eurocopa é como se fosse uma mini-Copa do Mundo. TODO mundo acompanha TODOS os jogos, sabe qual seleção tá por cim, qual tá por baixo, tem telão no centro da cidade pra assistir e tudo mais.

E aqui, diferente do Brasil, tem gente de todas as nacionalidades na mesma cidade. Então se vê bandeiras de tudo quanto é país participante por tudo, penduradas nas janelas das casas, presas nos vidros dos carros, enfeitando as inúmeras bicicletas, ... Diferente do Brasil, que na Copa América só se vê bandeira do Brasil. E isto deixa um clima muito legal no ar, pois todas as torcidas estão representadas, então dá pra ver no mesmo local pessoas torcendo pra ambos países que estiverem jogando. Então tem muita provocação, muita ironia, mas tudo na paz, sem briga nem nada. Na verdade, os únicos que fizeram confusão foram os malditos turcos (só podiam ser eles), que aqui em Frankfurt, após a derrota para Portugal jogaram garrafas e pedras nos carros da polícia. Só podia ser este povinho. Aliás, daqui a pouco vou eu e meu isoporzinho (meu e do Luis) pro centro assistir ao segundo jogo da Turquia. Tomara que ela ganhe, pois não quero levar pedrada.

E é nesses momentos que o alemão não tem vergonha de dizer que tem orgulho de ser alemão. Sim, pois devido a Segunda Guerra Mundial, aqui existe um sentimento nacional de remorso, que não deixa eles dizerem que tem orgulhos de serem alemães. É um assunto muito polêmico aqui, que os deixam confusos em relação ao sentimento de patriotismo. Houve até uma vez um político que em rede nacional disse que tinha orgulho de ser alemão e foi muito criticado por isto (quem me contou isto foi a Marielle). E, segundo a Tina, coordenadora da escola que eu estudo, foi somente durante a última Copa do Mundo, que foi realizada aqui, que o patriotismo começou a voltar na Alemanha. Pois até então ninguém tinha coragem de hastear uma bandeira na frente da sua casa. E só durante esta Copa que todos começaram a se unir de novo, e a idéia de unidade começou a voltar... Só espero que o resultado disto não seja uma terceira guerra mundial... Brincadeirinha.

Trocando de assunto, existem coisas que só acontecem aqui. Tenho jogado futebol direto aqui, num parque chamado Grünenburgpark, que aliás já comentei num post anterior, mas não custa nada repetir. É um parque muito grande, bem pertinho da minha casa, com grandes gramados, onde sempre tem gente jogando futebol. As traves das goleiras são as mochilas dos jogadores e não tem lateral. Ou seja, se tu quiser pode correr dar a volta ao mundo com a bola dominada, desde que não saia pela linha de fundo. E como é gramado, até comprei uma chuteira de trava, pois fiquei com medo de romper os ligamentos do joelho de novo, já que quando isto aconteceu eu estava jogando com chuteira de futsal em gramado, e foi num escorregão que me foi o joelho. Então não custa nada prevenir, né? E quase todo domingo eu jogo futebol lá com um pessoal cativo, e sempre dá uns 11 contra 11, por ai. Aqui não existe time de fora e coisas do tipo. Bom, até aqui nada demais... Mas o engraçado é que neste parque, em algumas partes é área de FKK (Freikörperkultur), ou seja, é uma área de nudismo, ondem fica um monte de peladão, na maioria gay, tomando banho de sol no gramado. E esta área fica bem perto daonde eu jogo sempre no domingo. Só que domingo passado, alguns deles resolveram utilizar-se do "nosso gramado", e quando chegamos lá para jogar, já tinham alguns ali estabelecidos. Lógico que quando eles viram que iamos jogar eles saíram do gramado, mas teve um que permaneceu ali, deitado bem contente na lateral do campo, como se nada estivesse acontecendo. Então imaginem a cena, nós jogando futebol, e um ser pelado deitado na lateral do campo... e o pior é que como aqui não tem lateral, seguido a bola corria pra perto do pelado, e dai era aquele bando de homem dividindo bola e um pelado no meio. Ou então correndo com a bola dominada e dai, bem na direção da arrancada, lá estava ele. Então tinha que pular por cima do sujeito, como se fosse uma prova de hipismo. Ou a bola picando na bunda do pelado... Ou então... é melhor parar por aqui.

3 assunto: Blues. Toquei mais algumas vezes naquele lugar, e agora já tô ficando meio que camarada do pessoal. Até uns carinhas que na primeira vez foram antipáticos comigo agora já estão bem legais. De repente foi só uma primeira impressão errada também, nunca se sabe. E num desses dias tinha uma cantora americana lá, daquelas típicas do blues, negra, gordona e com vozerão. E ela gostou muito de me ver tocar, e disse que ela tem uma banda aqui, que faz shows e tudo mais. E disse que já faz um tempo que ela procura um gaitista... então o negócio é ver no que vai dar. Peguei o contato dela pra ver se dá seqüência. A seguir, o video que fiz neste dia (na verdade era pra ser um video, mas o maldito YouTube não deve ter convertido direito, daqui ficou só umas imagens perdidas. Talvez seja por causa do formato .3gp. Vou tentar colocar de novo o video no YouTube, de repente fica melhor).



Abraços.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cultura alemã - CORREÇÃO

Na segunda-feira falei com a minha professora (aliás, nova professora, pois troquei de turma e fui pra uma mais avançada) e contei pra ela sobre minha experiência gastronômica do domingo. Falei pra ela q tinha ido à um restaurante de comida típica alemã e ela me perguntou o q eu havia comido. Segue a reprodução do diálogo:

Rafael: Sauerkraut...
Ute: Das ist deutsch!

Rafael: Händkase mit Musik...
Ute: Das ist hessich (hessich é quem nasce em Hessen, onde fica Frankfurt).

Rafael: Ei und grüne Sosse. (Sosse é com aquele "S" maluco alemão, mas não achei nesse teclado).
Ute: Hessich!

Rafael: Costela de porco...
Uter: Hessich!

...

Ou seja, o que eu achei que seria uma comida típica alemã na verdade era comida típica de Hessen, estado onde moro. Mas se formos comparar com o Brasil, a polêmica seria a mesma: como um turista pode comer uma comida típica brasileira, se no Brasil cada região tem sua própria culinária... acho q só se servirmos arroz e feijão pros gringos, mas então isto seria muito sem graça.

Bom, o que importa pra mim é que a experiência gastronômica foi muito legal, e por enquanto foi a comida mais alemã que eu já comi, mesmo sendo característica de Hessen.

E faltou um detalhe em relação as cervejas... aqui o pessoal realmente bebe cerveja quente. Não que eles não gostem dela gelada, mas na falta de gelada, vai quente mesmo. E não fica ruim não, porque aqui a cerveja é bem mais amarga que a nossa, então não fica ruim de tomar ela quente. Acho que com uma Skol não dá pra fazer o mesmo, mas assim que eu voltar pro Brasil vou tentar...

Queria, por meio deste blog, agradecer a minha amiga Márcia Midori, última brasileira a chegar aqui na escola onde estudo, nossa paulista japinha, por ter me emprestado o seu notebook por este período em que ela estava morando na sua Gastfamily. Me quebrou um galhão, além de me entreter bastante enquanto estou em casa. Obrigadão, "Midoli".

E pra quem quiser bater um papo comigo pelo Skype, até o dia 06 estou com o notebook dela, então é só me adicionar lá e se eu estiver online, é só vir falar comigo.

No próximo post colocarei mais notícias sobre o blues aqui, já que tem muita gente pedindo informações sobre isto.

Até lá.

Pra finalizar, alguns videos de Frankfurt que achei no YouTube.





segunda-feira, 2 de junho de 2008

Cultura alemã

Bom, ultimamente tenho só descrito fatos que tenho presenciado, como viagens, churrascos, tragos, etc... Mas hoje um fato bem legal que me aconteceu me deu vontade de contar sobre a cultura alemã, e algumas diferenças que existem em relação a nossa cultura. Não que haja um grande buraco entre a cultura alemã e a nossa, mas existem coisas pequenas que chamam bastante atenção. E lógico, existem muitas semelhanças, pois no sul a cultura alemã é muito forte.

O fato que me fez ter vontade de escrever sobre cultura foi o meu almoço de hoje. Sim, um simples almoço. A Marielle me levou hoje a um restaurante típico alemão, pois não tinhamos nada pra almoçar em casa e os outros moradores do apartamento tinham outros compromissos (o Robert tinha um torneio de SCART, que é um jogo de cartas, e a Caro tinha um almoço da família dela). O nome do restaurante não lembro direito, mas acho que era Das Gemalten Haus, uma casinha com as paredes todas pintadas com gravuras coloniais alemãs, com o interior cheio todo enfeitado de madeira, ou seja, tudo muito alemão. Lá dentro, só se via as cabecinhas brancas, muitos velhinhos comendo o seu almoço de domingo lá. E os garçons todos alemães natos, com uma antipatia mas tão antipática que chegava a ser engraçado, e acho que esse era o objetivo deles. Quanto mais antipático o garçom for, mais engraçado era. Por exemplo, pedimos 2 Apfelwein (vinho de maçã), que é bem tradicional aqui de Frankfurt, e 2 Handkäse mit Musik, um queijinho mergulhado no óleo com bastante cebola que se come com pão. Aliás, diz-se aqui que esse queijo é mit Musik (com música) pois sempre que se come, junto com ele vêem a música junto. Sim, a música estomacal... peidos e peidos, e bem fedidos por sinal. Pois neste momento estou tendo o prazer de escrever este texto sentindo os efeitos colaterais da culinária alemã.

Voltando ao garçom, pedimos os dois queijos e falamos pro garçom que após a chegada do queijo pediríamos os demais pratos. Olhamos o cardápio, decidimos o que queriamos comer, e chamamos o garçom pra pedirmos os resto. E o garçom responde: "Vocês falaram que ia pedir quando os queijos chegarem, e como os queijos não chegaram, vocês vão ter que esperar." Mas ele falou com uma seriedade tão alemã que eu e a Marielle caímos na gargalhada, pois aquilo é o alemão tradicional escrito. Não que eles façam por mal, mas é que eles são assim mesmo.

A comida foi purê de batata (tinha que ter alguma coisa com batata), costela de porco com Sauerkraut (sim, Sauerkraut é chucrute), e ovo cozido com molho verde. Pra temperar, mostarda. E pra beber, o tradicional vinho de maçã de Frankfurt, amargo mas gostoso. Tudo bem tradicional, bem gostoso, mas bem pesado... e faz uma "música" que é uma beleza.

Então, inspirado nesse banho de gastronomia alemã, resolvi escrever sobre cultura. Pra começar, nem todo povo alemão veste Lederhosen, aquelas calças verdes que se usa com suspensórios. Esta roupa é tradicionalmente da Bavária, então se você comentar com alguém que não é da Bavária sobre aquelas roupas não será muito legal, porque pra ele aquilo não é cultura dele, e sim da Bavária. É como se eu comentasse com um baiano sobre bombacha. E sobre Oktoberfest, todos alemães ficam espantados quando digo que no Brasil comemoramos Oktoberfest. Principalmente aqui em Frankfurt, pois Oktoberfest não culturalmente deles, e sim da Bavária. Então eles respondem sempre: "Vocês comemoram lá, e eu nunca fui na festa daqui!!!! Komisch!!" Komisch é estranho, mas que significa também engraçado.

A Alemanha lembra muito aquela lenga-lenga espanhola, catalão é diferente de galego, que é diferente de basco, que é diferente de espanhol. Aqui é assim também. Quem é de Bayern é diferente de quem é de Hessen, que é diferente de que é de Bradenburg e por ai vai. Cada um com seu próprio dialeto, que geralmente é muito influenciado pelos países que fazem fronteira com a região. Na fronteira com a França o alemão é muito parecido com a França, na fronteira da Holanda parece-se muito com o holandês, e assim por diante. Mas na tv e nas grandes cidades todos falam a mesma língua, Hochdeutsch. E isto achei muito interessante aqui na Europa, todos os países são meios misturados. Aqui em casa a mãe da Marielle é francesa, o pai da Caro é húngaro e o Robert é polonês, mas mora desde os três anos na Alemanha. Acho que no passado o Brasil era assim, mas hoje em dia todo mundo é brasileiro, e os pais são brasileiros, e os avós são brasileiros, e por ai vai. Só a Gabe, namorada do meu irmão que o pai é uruguaio.

Cerveja... sim, aqui é o país da cerveja. Bebum feliz é bebum alemão. Muitas marcas de cervejas, com vários tipos de cervejas e respectivos copos para respectivas cervejas. De marcas temos Beck´s, que é a pilsen mais consumida aqui, bem boa. Continuando nas pilsens tem a Binding, a BitBurguer (que possui variações como a Bit's SUN, por exemplo, que é misturada com cachaça e no slogan diz: um pouco de brasil na cerveja), Pfüngstander (que parece a Heineken brasileira), Krombacher... Das Hefe-weizen temos duas vertentes: as Hell (claras) e as Dunkles (escuras). A Hell mais famosa é a Erdinger (minha preferida, que eu aprendi a tomar ainda na Souza Cruz nas épocas de balanço de matéria-prima com o César Martins e os Márcios Morais e Bom). Mas das Hefe-Weizen ainda temos a Schöfferhofer, a Franziskaner, a Oeddinger (que é ruim), ...E as Hefen-weizen tem que tomar no copinho tradicional aquele de 0,5 l, então todo mundo tem que ter o copinho. No video na seqüência aparece o Beckenbauer tomando uma Erdinger neste copinho. Outra coisa aqui é que as tampas das long-necks não são rosqueáveis como no Brasil. As tampinhas são iguais as das garrafas grandes, que só são abertas com abridor. Mas isto tem um motivo: todos os alemães conseguem abrir garrafas com qualquer coisa, isqueiro, garfo, celular, uma garrafa com a outra, até com os dentes (mas este não vi ainda). Até as mulheres sabem abrir com qualquer coisa, o que me deixa na pressão pra aprender. Já arranquei um pedaço de um dedo tentando uma façanha dessas.



Bom, existem mais um montão de coisas pra escrever, mas agora enchi o saco de escrever. Então assim que me der vontade de novo, escrevo mais.

Bjs.