segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Notícias do Aniversariante

Pessoal,

Sei que muitos tentaram me ligar no sábado para me desejar Feliz Aniversário, mas não sei por qual razão meu celular não estava recebendo chamadas internacionais. Até tinha deixado ele de bateria carregada só pra poder falar com vocês, mas infelizmente a Vodafone me deixou na mão.

Mesmo assim, agradeço à aqueles que deixaram sua lembrança, seja por SMS, email, mensagem de fumaça ou seja lá o que foi.

Abraços,

Rafa

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Krishna Janmastami

O blog não morreu!!!

Sim, meu ouvido tá doendo já de tanta gente perguntando: 'Tu não vai atualizar o blog?', mas ultimamente não andava muito inspirado pra escrever, e fui deixando pra depois. Também à pedidos, vou tentar mostrar mais a Índia e não só os perrenhes que eu passo por aqui.

Bom, muita coisa se passou desde o último post, e algumas coisas ficaram pra trás e não foram postadas. Pra vocês terem uma idéia, este post de hoje é de uma celebração do dia 02 de setembro, chamada Krishna Janmastami, ou também de Dahi Handi. Mas afinal, que raios é Krishna Janmastami? Bom, vamos lá.

Krishna Janmastami é a celebração do nascimento de Krishna, sendo comum os devotos deste Deus ficarem em jejum desde o dia anterior até a noite da celebração. Aqui em Pune e também em Mumbai, Krishna Janmastami também é chamado de Dahi Handi, pois é tradição nestas cidades pendurar bem alto pelas ruas grandes potes cheios de 'requeijão', representando uma passagem da história de Krishna de quando ele, ainda criança, junto com seus amigos, formaram uma pirâmide humana para alcançar um pote de requeijão (Dahi). Existe todo um significado por trás deste pote, sendo ele a representação do ego e da identificação do senso da mente, blá blá blá, mas como eu não sou espiritualizado, deixo pra vocês procurarem no Google.

Estes potes não estão pendurados na rua por acaso. Estes potes estão pendurados justamente para que as pessoas formem pirâmides humanas para alcançá-los, e aqueles que o conseguirem, terão sorte, dinheiro, sucesso e tudo mais que a pessoa deseja realmente alcançar. Bom, como geralmente as pirâmides humanas eram formadas no período da manhã e da tarde, eu não consegui ver muita coisa à respeito. Eu vi só uma, à noite, e mesmo assim de longe, ou seja, quase não vi. Até tentei tirar uma foto, mas como minha máquina velhinha não tem zoom, não dá pra ver nada.

De Krishna Janmastami
Se olharem bem, no fundo tem uma mini-pirâmide.

Como a celebração funcionava, ninguém soube nos explicar. Então à noite, quando todos de casa voltaram de suas atividades, saímos à caminhar pela Old Pune atrás das tão faladas celebrações de Krishna. E no caminho descobrimos várias pequenas festas em algumas ruelas, organizadas pelos moradores do local. E lógico que quando eles viam o bando de gringo de longe, já enlouqueciam, começavam a gritar e já nos puxavam pro meia da roda e ficavam fazendo a gente fazer umas dancinhas indianas ridículas. Teve até um que chegou a colocar o japonês na cacunda!!

De Krishna Janmastami

De Krishna Janmastami

E conforme adentrávamos mais e mais na Old Pune, o número de pessoas ia aumentando, assim como o tamanho das festas de rua. Até que chegamos numa que parecia ser a mais animada. Até iluminação laser tinha!!! Fomos entrando na rua, mas aos poucos eu e o André percebemos que havia uma coisa errada: só homens no meio da rua comemorando, enquanto mulheres só nas calçadas... Nós dois ficamos na calçada, enquanto a finlandes Josefina, que se acha a indiana (percebam nas fotos que até kurta ela tava usando), puxou as alemãs Marina e Christina pro meio da roda, no meio da rua. Foi quando a indianada toda foi a loucura, fechou a roda, e as três sumiram no meio da multidão!! Então um indiano de alma caridosa veio avisar o André e eu: 'O que vocês estão fazendo aqui? Isto aqui é a zona de prostituição!!' Sim, estávamos na ZONA, na FARRAPOS DE PUNE!!! Foi então que mergulhamos no meio da roda para resgatar as gurias, que estavam sendo apalpadas por dezenas de indianos tarados!!

Depois disto, só demos mais algumas voltas e voltamos pra casa. Era aventura suficiente para uma noite só. Confiram as fotos!!




segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mais um que se vai na Cycle Society

Depois da partida do nosso ilustre amigo Milosz, agora chegou a vez de mais um morador deixar a casa...

Todo ano aqui na Índia comemora-se o Ganesh Chaturthi, que é quando o Deus Ganesh, aquele da cabeça de elefante, vêm fazer uma visita ao mundo dos mortais. É um evento religioso muito bonito, mas que não contarei em detalhes pois dedicarei um ou mais post só para esta celebração. Mas o que quero mesmo contar é que Ganesh é o Deus de todas as criaturas pequenas, como os ratos por exemplo.

Uma das várias estátuas de Ganesh, homenageando-o em sua semana.
Notem as estátuas dos ratos, saudando-o.

Bom, em plena "semana de Ganesh", nosso apartamento ganhou um morador novo. Justamente um rato, um dos seres protegidos por Ganesh, que infelizmente escolheu nossa cozinha para morar.

Fui o primeiro a vê-lo, uma vez à noite ao entrar no cozinha, acender a luz e me deparar com o bichano em cima da pia. O desgraçado ainda tentou fugir pra sala, mas como eu estava na porta, ele tentava correr na minha direção, mas eu dava um pisão forte no chão e o bichano corria de volta pra pia e tentava pegar outra rota. Até que ele entrou por uma fresta do armário e desapareceu, provavelmente por um buraco na parede.

Pois bem, o novo morador resolveu então definitivamente morar no nossa cozinha, e percebíamos que ele continuava ali devido às suas pequenas fezes ou então até mesmo pequenas aparições-surpresa. Como uma, em que fui abrir o armário em uma das várias investidas para pegá-lo e o bichano quase caiu em cima do meu pé. Por pouco.

Como as caçadas ao rato não estavam dando muito certo, resolvemos mudar a estratégia. Entre ratoeiras e adesivos pra 'colar' rato à venda no supermercado, resolvi comprar um veneno para rato, já que era o mais barato e também porque não queria me deparar com um rato com as patas coladas num papel. E na caixa do veneno ainda dizia: 'Geralmente os ratos morrem em ambientes abertos'. Pensei: 'Beleza, tomara que ele não morra dentro da nossa parede'.

O veneno era um espécie de bolinho quadrado, que coloquei dentro do armário onde o rato estava morando. E todo dia abria o armário e percebia que ele havia comido um pouquinho do bolo deixado pra ele. Era só esperar o bicho morrer agora. Quem dera... Dia após dia, o bolinho ia sumindo e nada do rato morrer. Desgraçado, além de não morrer, ainda estávamos o alimentando, pensamos. E sempre que tentávamos uma nova caçada, lá ia ele pro 'paredão', mas nunca deixava a casa. Pior que BBB...

Mas hoje, para nossa surpresa, em plena tarde de domingo, após a semana do Ganesh ter terminado nesta quarta-feira, logo o bichano não estava mais protegido 'pela presença do cabeça-de-elefante',  eis que o nosso ilustre morador aparece morto, em cima da pia. Yes!! Não morreu dentro da parede!! Então, abaixo fotos e um pequeno video do momento da retirada do nosso mais novo ilustre ex-morador da Cycle Society. E que Ganesh o proteja...




Hmmm... no Ratatouille ele era mais bonito...






segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Festa no apê

Tô muito atrasado nos post! Este post de hoje retrata um episódio que aconteceu há um mês atrás! Nem sei se vou me lembrar dos detalhes, mas vamos lá. E este post vai ficar sem fotos, infelizmente...

Como em outros episódios da minha vida, tinha que ter a presença de um polonês no meio. O primeiro que cruzou o meu caminho foi o Robert, que dividia o apartamento comigo em Frankfurt. Ele não era bem polonês, pois com 3 anos deixou o país natal e foi morar na Alemanha, mas mesmo assim ele mantinha 'aquele' espírito polonês de ser. Depois veio o Andrezj, também conhecido como Pope devido à semelhanças físicas com o papa João Paulo II, também polonês, e o meu gorale favorito, Kuba, que me provou que tá lendo o blog!! Te cuida aí na Polônia, Kuba, e não esquece: "Kuba vai lançar foguete, quero ver Kuba lançar!!".

Agora foi a vez do Milosz, que morava conosco aqui em Pune. Polonês típico, sempre disposto para um trago e uma piada bobageira de bate-pronto. Até cantar músicas em hindi em voz alta nos bares o Milosz fazia aqui, e lógico acaba sempre puxando um coro formado por indianos junto com ele. Só não sei como ele fazia pra decorar as músicas.

Bom, pra sua despedida, o Milosz organizou uma festa lá em casa. Compramos umas lâmpadas vermelhas no supermercado, jogamos umas tralhas fora, carregamos os sofás para o segundo andar e pronto, tava pronto o salão de festas. Resolvemos fazer a festa no segundo andar para não incomodar o vizinho de baixo, e, assim, poderíamos colocar o som um pouquinho mais alto.

Olha o flyer que eu fiz pra festa do Milosz!

E chega o sábado à noite e os convidados começam a chegar. Como em qualquer bar, boate, clube, boteco, pub e seja lá o que for, a proporção entre homens e mulheres é sempre 8x2, quando não é pior. Sim, eles ainda são uma sociedade conservadora, e lugar de mulher é em casa. Azar do Milosz, pois era sua última chance de conseguir algo com uma desi girl.

Apareceram todos os trainees da AIESEC, lógico, mais alguns membros do comitê de Pune, alguns amigos nossos e, os mais esquisitaços da festa, os colegas de trabalho do Milosz. Hehehe, na verdade a grande maioria era mais ou menos normal, mas tinha um que era tão esquisitaço, mas tão esquisitaço, que deixava o grupo todo esquisito. Com uma camisa prata, ele se esbaldava na "pista de dança", todo suado!! Emocionadíssimo!!

Lá pelas 2 da manhã, estava eu lá na rua, conversando com a gurizada mais nova da Cycle Society com quem jogo bola, quando avistamos o camburão da polícia chegando. Fud^%!! O pessoal me avisa pra subir e pedir pro Milosz desligar a música, até a polícia ir embora. Eis então que, ao contar pro Milosz o perigo que corríamos, ele, bebaço, me responde: "Vamos só tocar uma última música!!", o que no Brasil chamaríamos de 'saídera'. Percebida a merda que isto ia dar, improvisei em 1 min uma maneira de trancar a porta do meu quarto, colocando minha mala e uma cadeira pra segurar a porta (sério, tava há semanas tentando bolar um jeito de trancar a porta, e na hora do desespero a idéia surgiu naturalmente!! O que não faz uma situação de perigo!), coloquei meu pijama e fingi que estava dormindo.

Depois disso, do meu quarto só deu pra ouvir a campainha tocando, a porta abrindo e um monte de gente gritando em hindi coisas que não faço idéia o que era. Minha porta quase foi arrombada e depois, educadamente, alguém bate na porta. Achei se tratar de alguém querendo usar meu banheiro, mas consegui ouvir o rádio da polícia e logo percebi que era um policial querendo abrir minha porta. Lógico que não abri, né? Esperei mais alguns segundos até ouvir a porta da frente batendo e um silêncio na casa. Resolvi sair do quarto e espiar a rua pela janela, e só vejo o camburão parado na frente de casa e um monte de gente indo em cana!! Ufa, me escapei!!

Dez pessoas foram presas, o Milosz, 7 colegas de trabalho dele e 2 japoneses!! Sério, logo japonês não faz mal a ninguém, não deve nem ter cadeia no Japão, vão ser preso aqui na Índia. Pelo que me contaram, lá na cadeia foi engraçadíssimo! Era o Milosz tentando tirar foto de dentro de uma coisa que era pra ser uma cela, os policiais o reprimindo, dizendo que ali não era o país deles, depois eles tentando pegar o nome do japoneses pra escrever na ficha e não conseguindo, pois eles só falavam hindi e os japoneses falam um inglês ruim. O pessoal contou que foi muito engraçado!!

Paga a fiança de 4.000 rúpias, o pessoal foi solto e voltou pra casa. Nem chegaram a ficar uma hora na delegacia de polícia. A prisão do pessoal era só uma maneira de extorquir dinheiro do pessoal. Aqui é assim, rateou na frente da polícia, é cana ou então propina na mão. Isto que dá pagar mal a polícia!

E na volta o Milosz ainda ficou brabo comigo porque eu não fui preso junto!!!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Comparações...

Um post rápido de uma coisa que eu me lembrei agora e pra aproveitar que o post anterior era sobre futebol...

Na época do colégio, devido às semelhanças físicas, muitas vezes de brincadeira me chamaram de Bergkmap.


















Depois, jogando futebol com o Joãozinho da Souza Cruz, me chamavam de Ljungberg.


















Mas aqui na Índia as crianças da Cycle Society insistem em me chamar de... ROONEY!!!




PQP!!! Logo o Rooney, um dos jogadores mais feios do mundo!! E ainda quase careca!!

Maldito Raj britâncio!

domingo, 29 de agosto de 2010

De suspeito à celebridade

Pois é, indo do oito à oitenta em um único post!!

Depois de ser suspeito de assassinato ou de homem-bomba, agora chegou a vez de virar celebridade.

Como falei há dois posts atrás, vivo numa rua que lembra a vila do Chaves, chamada Cycle Society. E através das peladas de futebol num campinho improvisado na calçada desta rua, com o pessoal que mora na rua mesmo, que se formou um time de futebol: o CSGS - Cycle Society Green Sox. Pois bem, depois de ter jogado umas peladas no campinho, fui convidado para fazer parte do time e jogar um campeonato de Street Football (sim, não é soccer, é football mesmo - soccer é só nos EUA) em um clube grã-fino que tem até um hotel dentro. Detalhe pro nome do clube: Corinthians Club! ........... Timãoooooo, eeeeoooooooo!!

Olha eu de Green Sox fluorescente!

E aqui uma foto do Corinthians Club. Pelo menos este Corinthians é chique...


Faltou só ensinar pra indianada o que é Street Football: pegaram DUAS quadras de tênis, o que deixou o campo GIGANTE, colocaram uma rede na volta e construíram goleiras MINÚSCULAS, onde o travessão batia na nuca do goleiro e se ele abrisse os braços que nem cristo encostava nas duas traves. E agora vem o detalhe maior: UM POSTE DE LUZ NO MEIO DO CAMPO! E ainda com a caixa de luz na altura da cabeça! A Índia me surpreende a cada dia.

Notem o poste de luz no meio de campo, com caixa de luz e tudo!

O campeonato começou na fase de grupos, com três times por grupo. O que me deixou mais tranqüilo, pois pelo menos nos garantia jogar pelo menos duas partidas. Já pensou cair fora logo no primeiro jogo? Triste, né? E pra ficar mais tranquilo ainda, se classificavam pra próxima fase os dois primeiros de cada chave, logo só perdendo as duas pra cair fora. Mas como nosso time não era tão ruim assim, ganhamos a primeira partida no sufoco por 2 x 1, sendo que o gol que levamos foi contra do nosso goleiro (confiram o video abaixo). Já a segunda foi mais fácil, 3 x 1 ou 4 x 1, não sei direito. Teve um gol polêmico nosso, daqueles que fica a dúvida se a bola entrou ou não, que metade do time jura que o juiz anulou o gol, outra metade jura que foi válido.


Gol contra do Rakesh

Antes de passarmos pras quartas-de-final, faltou eu comentar uma coisa: pra quem mais corria do que jogava bola, agora a proporção inverteu. Mas não pensem que meu futebol não melhorou, muito pelo contrário, não consigo correr mais nada! Jogava dez minutos de partida e já tava morto. Então era substituído e só entrava no segundo tempo. E mais 10 minutos pro véio e banco de novo. Também, além da quadra ser gigante, a bola não saía nunca, pois não tinha lateral nem linha de fundo. Ou seja, o jogo não parava nunca. Outro ponto: indianada corre pra CARAL*&#^@!

Chopsy e Rakesh esperando a partida começar

Quartas-de-final, jogo pegado. Time bem preparado fisicamente, bem organizado estrategicamente, marcação homem-à-homem. Conseguimos fazer um golzinho no início do jogo, tabelinha entre eu e o atacante Madhu, chute no canto e goooooooolll! Depois disso fechamos uma retranca e o placar ficou por isto mesmo: 1 x 0 pros CSGS e lá fomos nós pra semi-final.

Antes da semi-final, confusão no campeonato. Todos os outros times que passaram para as semi-finais eram de profissionais, com jogadores que jogavam campeonatos como este por dinheiro. E o único time amador era o nosso, Logo, tooooodo mundo queria jogar contra a gente, pois éramos o time mais fraco. Mas eles mal podiam por esperar...

... mal podiam por esperar pra chegarem na final mesmo, porque tomamos um sacode na semi-final: 4 x 1, sendo que mal encostávamos na bola! Um fiasco! Logo de cara já tomamos dois gols, nos perdemos em quadra, uma vergonha. E logo agora que o véio tava começando a melhorar o preparo físico. Nosso consolo é que nas partidas anteriores este time ganhou de 7 x 0 e outros placares do tipo. E ainda foi campeão, ganhando a última partida por 2 x 0, então nem fomos tão mal assim. E pelo menos o artilheiro do campeonato foi do nosso time, Madhu, com sete gols.

Foto do CSGS junto com a torcida da Cycle Society

Mas vocês devem estar se perguntando: onde entra a celebridade na história? Bom, por ser o único western do campeonato, todo o foco era pra mim. E depois de algumas partidas e coisas básicas de futsal (que eles não manjam nada aqui), virei BBB do campeonato. Nosso time foi até apelidado de Germany, por causa de mim e porque nossa camiseta lembrava o uniforme reserva da Alemanha. E depois das partidas as pessoas vinham me cumprimentar e tudo! Teve até um tiozinho, daqueles indianos meio lesados, que veio me dizer que era fã do meu futebol e que tava lá só pra me ver. Me perguntou ainda que dia seria minha próxima partida, e depois que respondi que seria no dia seguinte ou um dia depois, ele me disse: "Então vou vir amanhã e depois de amanhã só pra garantir!!" Por fim, tirou uma foto comigo! Hahahahahha vê se pode. Faltou só dar autógrafo!

Em terra de cego, quem tem um olho é rei!

sábado, 21 de agosto de 2010

O Suspeito

Mais um episódio da Operação "Ressuscitamento do Apartamento": depois de limpar a cozinha e a área de serviço (a máquina de lavar roupas tá até funcionando agora!), neste sábado foi a vez de atacarmos uma das melhores peças do apartamento, o terraço. Não é muito grande, mas tem um ar muito agradável, com uma árvore de um lado (lotada de corvos!), e do outro lado é a vista para rua. Mas é uma ótima área pra reunir o pessoal, relaxar e até pendurar um varal.


Só que o terraço, ao invés de ter o propósito descrito acima, tinha sido transformado em entulho de tralhas. Gavetas velhas, cortinas, almofadas, ventilador, tudo no relento (ok, aqui não tem relento). Algumas coisas ficavam na área descoberta, tomando chuva, então imaginem o estado.


Agora vem a peça principal das tralhas, que até rendeu um episódio engraçado: a cama. Sim, haviam duas camas na área descoberta, tomando chuva por mais de anos. Uma estava sem colchão, então só ficou um pouco enferrujada, mas a outra... O colchão virou um mini-biosistema. Até umas pequenas plantas e cogumelos já tavam começando a brotar do colchão. Sem contar no viveiro de lagartas e centopéias, que brotavam dos buracos que um dia foram a espuma do colchão. Um nojo.


Peguei um pedaço de cano velho e comecei a tentar tirar o colchão. Ao invés de ele sair inteiro, ele começou a se desintegrar, e a cada tentativa de levantar o colchão ele se despedaçava todo. Ou seja, não dava para arrastá-lo. Eis que o André, o brasileiro que mora comigo no apartamento, teve a brilhante idéia de usar uma das malas abandonadas pelo pessoal que foi embora pra colocarmos o colchão dentro. Então encostamos a mala do lado da cama e começamos a arrancar os pedaços do colchão e jogar dentro da mala.





Depois de concluído, fechamos a mala e levamos pro container onde joga o lixo. Este container nada mais é que um tele-entulho que nem nós temos no Brasil, onde todo mundo joga todo o lixo, orgânico, seco, metal, tudo misturado. Só que este FDP do container fica fora da nossa rua, há uns 100 metros de casa. E a mala ficou pesada pra caralho e ainda tava com as rodinhas quebradas. Então arrastamos a mala rua afora até o container. E depois ainda apanhamos pra jogar pra dentro do container.

Este é o tal do container!



E aqui é dentro do container, mas no dia tava sem o cachorro (Desculpem, mas não deu pra virar a foto).


Agora vem a parte engraçada: depois de concluído o serviço, demos as costas pro container e começamos a voltar pra casa. Eis que nos pára a Polícia e nos questiona: "O que tem naquela mala?". Não acreditando ser um colchão velho, nos mandam tirar a mala de dentro do container e abrir. Continuamos a dizer que era só um colchão velho, mas no fim não adiantou nada. Tive que pular de chinelo pra dentro do lixão (que nooooooooooojo) e abrir a mala. O policial ainda insistia em tirarmos a mala, mas conseguimos convencer ele a olhar de fora. Então abro a mala e começo a arrancar os pedaços do colchão com a mão, com lagartas, centopéias e tudo (outro noooooojo). Convencido, o policial foi embora e eu direto pro banho.


Duas coisas: ou ele achou que era um cadáver, ou uma bomba. Maldito colchão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Living at the Cycle Society

O nome até parece algo do tipo "Sociedade dos Poetas Mortos", ou alguma seita esquisita, mas Cycle Society é o nome do bairro que eu moro. Na verdade o bairro se chama Camp, e Cycle Society é o nome da rua, mas como ela é uma rua fechada, sem tráfego externo de carros, ela fica parecendo meio que a vila do Chaves. Só trafega aqui quem é da rua mesmo, o que nos deixa afastado do caótico trânsito indiano.





Exibir mapa ampliado
A rua onde eu moro não aparece no Google Maps, mas sinalizei os dois portões de entrada da rua. Então dá pra ver que os dois pontos sinalizados seriam as pontas de uma rua em formato "U", com uma árvore bem na ponta. Eu moro na frente da árvore.




Moro no apartamento da AIESEC, que pra quem não sabe é a organização pela qual eu vim pra Índia. É um apartamento justamente para estrangeiros que vem fazer seu traineeship aqui, então isto aqui acaba sendo uma torre de babel. Gente de vários lugares do mundo, de diferentes culturas. Neste momento divido o apartamento com um brasileiro (o André), um chinês, um polonês (sempre tem um polonês), uma finlandesa (que não mora no apartamento mas é vizinha), e 4 pessoas do Casaquistão (um até lembra o Borat, igualzinho). Além de um pessoal que visita a gente direto, uma alemã que namora um indiano, uma ucraniana que também namora um indiano, e mais um monte de indiano.

O apê é grande, dois andares, com um terraçinho e tudo. Mas tem um grande problema: NUNCA fizeram uma faxina no apartamento. Não tô exagerando, o negócio é tão sujo que tem umas teias de aranhas tão bem trançadas que parecem tecido. Sem brincadeira. O pessoal que mora/morava aqui antes é muito porco e relaxado, então faxina que é bom nada.

Mas eu e o André começamos a mudar as coisas por aqui. Ontem de manhã começamos um faxinão, ele atacando a cozinha e eu um ex-banheiro que foi transformado em uma espécie de área de serviço. Nossa intenção até era limpar outros cômodos, mas a sujeira era tão intensa que só conseguimos limpar um só neste dia. Mas aos poucos a gente vai dando o devido padrão de higiene ao apartamento.

Uma coisa boa da Cycle Society é que bem na frente do apê tem um patiozinho, onde quase todos os dias o pessoal da rua joga bola. Então dá pra cuidar da janela quando a pelada começa, descer as escadas e bater uma bolinha. Até achei que nem ia ter muito futebol nesta minha vida indiana, já que o país não tem uma tradição muito forte em futebol, mais conhecido mesmo pelo cricket (o maior e mais rico campeonato de cricket do mundo é o indiano). Mas, para a minha surpresa, o pessoal aqui acompanha futebol, e, por herança do Raj britânico, todo indiano torce para um time inglês e também acompanha a Premier inglesa. Já em relação às habilidades futebolísticas, eles tem ainda muito para evoluir.

Fico devendo umas fotos, já que post só com texto é muito chato.

E feliz dia dos pais pro meu papi, o Frede da Koseritz! Não deu pra te ligar porque tá dando pau as ligações internacionais Índia-Brasil. Tu disca um número e cai em outro número. Quase fiquei sem crédito tentando ligar pro meu pai. Mas fica registrado aqui meu abraço!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Chegada na Índia

Tô devendo um monte de posts aqui, até porque tem acontecido tantas coisas que já daria para escrever uns 20 posts. Mas vamos começar do começo, ou iniciar do início: a viagem.

O primeiro choque cultural com a Índia já começa no voo Paris - Mumbai. Diferente do voo Rio - Paris, com um monte de brasileiros e europeus, todos de aparências semelhantes, no outro voo já começam aparecer pessoas de turbantes, mulheres de saari e coisas do tipo. Sendo que pessoas com cara de europeu/brasileiro eram minoria, e aquela cor de pele típica do indiano era predominante.

Meus colegas de poltrona - voo Paris - Mumbai


Absolut Açaí no aeroporto de Paris - esta eu nunca tinha visto

Viajei na poltrona do corredor, daquelas do meio do avião. Do meu lado mais 3 poltronas, onde sentaram um casal de indianos, com a mulher de saari e lenço cobrindo o cabelo e um senhor com um chapeuzinho típico indiano, barba comprida com um nó embaixo do queixo e túnica, e um senhor pai de família que ficava gritando em hindi com os filhos e a mulher, que estavam espalhados pelo avião.

A refeição servida no voo também é adaptada: ao invés de duas opções com carne, servidas no primeiro voo, agora ou era um prato da culinária francesa, ou então um prato vegetariano. Claro que o vegetariano predominou no voo, né? Mas o mais engraçado aconteceu antes de servirem a comida: começaram a colocar umas plaquinhas de identificação em alguns passageiros, com uma sigla que agora não lembro o que era. E o motivo da identificação também não consegui descobrir.

Plaquinha identificando os passageiros

E o que se esperar de um aeroporto de um país com mais de um bilhão de habitantes? Um aeroporto lotado, lógico! Mas não! Apesar de gigante, o aeroporto é vazio por dentro, mas depois acabei descobrindo o motivo: é que ele é controlado pelo exército, então só tem permissão para entrar quem for realmente viajar. Mas eis que a surpresa vem no final: na saída tem uma multidão na porta, que ficam isolados dos que tão saindo do aeroporto por um parapeito. Este momento acaba sendo momento celebridade, porque tu sai do saguão e começa uma gritaria, todo mundo querendo prestar serviço pros gringos. E eu ainda tive que ficar desfilando na frente de toda a multidão, porque não achava meu nome nas plaquinhas. Mas no fim achei.

Muvuca na saída do aeroporto de Mumbai

No aeroporto ainda, enquanto eu esperava os outros passageiros do translado, olho pro meio da multidão e vejo uns indianos com berimbaus na mão, e um ainda com a camisa da seleção. Eis que sai um grupo de dentro do aeroporto, aqueles que estes indianos estavam esperando, e começam uma roda de capoeira do lado da saída. Motivo suficiente para juntar outra multidão, desta vez na volta da rodinha. É, este é o país das multidões.



Depois do aeroporto, caímos na estrada Mumbai - Pune em uma camionete da Nissan, eu e mais outros quatros indianos. E foi meu primeiro choque com o trânsito local: mão inglesa (sim, aqui é mão inglesa), buzinas o tempo todo, milhares de caminhões na estrada, um caos!! Aqui não se usa espelho retrovisor, então é todo mundo fechando todo mundo, o que faz com que se buzine o tempo todo para evitar uma colisão. Mas pelo menos a buzina não tem um caráter ofensivo, ninguém fica brabo se alguém buzinou para você. Tanto é que atrás dos caminhões vem escrito "Buzine por favor". Bem diferente do Brasil.

No meio da estrada, um engarrafamento. E se o negócio já era caótico, ficou mais caótico ainda. Todo mundo trocando de faixa, ultrapassagens pelo acostamento, tonéis isolando as faixas. Mas não pensem que era perigoso, porque o negócio é tão caótico que ninguém corre. Nem tem como.

E como uma Freeway em volta de feriado, levamos umas três horas para fazer 150km. Mas no fim, cheguei são e salvo no apartamento onde moro.

Depois conto o resto...

Este final-de-semana tô indo pra Goa!

E quem quiser me ligar, meu cel aqui é +91 9765577675.

Abraços.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Notícias da Índia

Demorei mas cheguei!

Não vou entrar em muitos detalhes neste primeiro post, porque to escrevendo ele num computador de um amigo e não quero ficar alugando ele muito tempo.

Só pra dizer mesmo que tô vivo e sem dor de barriga (ainda). E segunda-feira começo a trabalhar, e lá do meu computador vou poder contar pra vocês detalhes como a chegada aqui na Índia, minha primeira refeição com a mão, o apartamento que eu moro, o trânsito louco da Índia e até sobre meu primeiro jogo de futebol (sim, até futebol já joguei; e até já entrei pra um time, CSYA Blacks).

Então aguardem...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Despedida no Dhomba - Show da Alabama Blues

Opaaaa!!

Para aqueles que não puderam ir na minha despedida quarta passada, dia 30, no Dhomba, postei algumas fotos e uns videos do show no YouTube.

Uma das coisas difíceis de se viajar é abrir mão de algumas coisas, e infelizmente a banda é uma das coisas que terei de deixar para trás. Não é fácil reunir pessoas legais, com gostos musicais parecidos (ou nem tanto) e que queiram se reunir semanalmente e dedicar seu tempo livre para isto. Além disto, há muito troca em uma banda, com todos trazendo algo de seu gosto pessoal para dentro do set list e, com isto, proporcionando um grande aprendizado musical.

Lester, Richard, Shana e Hike, gostaria de agradecer por tudo que aprendi tocando com vocês, e é muito triste sair da banda logo em um momento em que ficou claro que estávamos indo no caminho certo, pois mesmo tocando um estilo que não possui um grande apelo de público, o feedback que recebi do show foi totalmente positivo. E também agradeço pela compreensão, afinal tivemos momentos ruins (criado por mim, lógico), mas que demostraram realmente que a amizade era verdadeira.

E também queria agradecer à todos os amigos e familiares que, em plena quarta-feira, compareceram no Dhomba para a minha despedida. Não vou citar um por um para evitar qualquer gafe, mas sei que todos sabem que o agradecimento é para vocês mesmo.

E quem quiser baixar as músicas do show, segue o link: Alabama Blues.zip






















sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bom, para esquentar os tamborins, alguns clássicos do YouTube sobre a Índia.

Rivaldo sai desse lago


Golimar


A melhor cena de ação de todos os tempos


Super-Homem Indiano


Peugeot 206


I'm India (não é palhaçada)


Lead India


O clipe da música do video anterior

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ressuscitando o bloguis.

Este post é o divisor de águas do blog. Daqui para baixo é sobre Alemanha, se você quiser ler, sinta-se à vontade. Para frente, é só indiada.

Aguardem novas informações.