quarta-feira, 16 de abril de 2008

Em terra de cego, quem tem um olho é rei

Leiam até o final do post pra entender o título.

Bom, já faz um tempinho que nao atualizo o blog. Tá certo que finalmente coloquei as fotos nele, mas mesmo assim falta o principal dele que sao as histórias. Como o último post foi de sexta, vou comecar a contar por sábado. Neste dia, tinha uma festinha de aniversário de uma brasileira, amiga do Luís. Fomos eu, Luís, Ohanna e Maitane (brasileiro, brasileiro, brasileiro e espanhola, respectivamente) ao Curubar, um bar de salsa que tem uma pistinha de danca. O Luís conheceu esta brasileira pela BUNDA (nao, ele nao estava caminhando na rua e viu que ela era brasileira pela bunda, e sim BUNDA é o nome da comunidade do orkut de brasileiros que vivem na Alemanha), entao certamente haveriam muitos brasileiros no local. Bom, a festinha foi bem chatinha, porque a cerveja era quente, nós todos estavamos de ressaca, ouvir salsa o tempo todo é muito chato (e o DJ até arriscou colocar umas músicas brasileiras, mas como ele era peruano, colocou uns pagodes que ninguém nunca tinha ouvido, e lógico, tocou "Chorando se foi, quem um dia me fez chorar...", hit brasileiro na Alemanha), e nao to aqui pra fazer festa com brasileiros, se fosse nao teria saido do Brasil. Entao fomos embora cedo, e até procuramos outro lugar, mas como todos estavam cansados resolvemos ir para casa.

Domingo dei uma caminhada por Frankfurt. Fui até a Hauptbahnhof, que é a estacao de trem principal da cidade, porque lá tem vários lugares pra comer. Comi uma porcariazinha sem gosto mas baratinha, e entrei na livraria pra procurar um guia de Frankfurt. Ao procurar um guia decente e barato, olho pra sessao do lado e vejo que é a sessao de musica. E nao é que meu olho bateu direto numa revista chamada Blues & Beyond, revista alema de blues. Bom, tinha q dar uma folhada, né? E lá estava, num quadrinho com fundo cinza, a sessao Deutsch Blues Session, com todos os enderecos e datas de sessoes de blues da Alemanha. E nao é que tinha uma em Frankfurt? No Sombrero Bar, toda terca-feira, às 20:30. Hmmmmm....
Depois o Luís me ligou, fomos até a Zeil, que é a Rua da Praia daqui, sentamos num café pra se proteger da chuva e também pra se entupir de cafeína. Mas calma ai, se é pra tomar café, eu tomo no Brasil (é, esse pensamento me persegue). Entao pedimos logo duas Heffe Henninger von Fass, que é a cerveja fabricada aqui em Frankfurt. E por sinal, muito boa. Depois fomos pra casa do Luís ver Panico na TV pelo YouTube.

Segunda chegaram mais dois brasileiros: o Mauricio, que está no mesmo apartamento que eu, e o Allan, que está numa casa de familia. A aula foi chata e o resto do dia foi dia de descanso e estudo. Sem cervejas, sem festa, sem nada, apenas concentracao.

E dae chegou a tao esperada terca-feira. E logico que eu tinha que dar um pulo no tal Sombrero. Combinei com os brasileiros e turcos de ir lá, e todo mundo topou. Compramos umas cervejas pra tomar antes, já que geralmente nos pubs a cerveja é muito cara, e comecamos a beber antes de irmos pra lá. O que eu nao imaginava é que no mesmo dia, a Nesarad (nao sei se é assim que se escreve) estava de aniversario, e as brasileiras que iriam comigo convidaram ela pra ir, e ela, como aniversariante, convidou mais um pessoal da escola. Ou seja, fomos de excursao pra lá, quase metade da escola. No caminho, pela primeira vez mas nao proposital, andei de metro sem pagar. Mas juro que foi sem querer, foi porque o metro chegou bem na hora em que chegamos na estacao, e na afobacao de nao perder o metro, entrei sem comprar o Fahrkarte (passagem).

Ao chegarmos no bar, da rua dava pra enxergar como era por dentro e deu pra ter uma ideia como seria. Lugar iluminado, parte interna do bar lotada e uma banda de velhinhos e caras um pouco mais novinhos que eles. Bem diferente da cena blues de Porto Alegre, onde geralmente é formada por pessoas mais novas. Mas ao entrar deu pra sentir que era bem o meu estilo de blues, com musicas meio Texas Blues, meio Chicago, e nada conteporaneo. Uns blues meio sem feeling, pois como os alemaes nao gostam de se expor muito, acabam refletindo isto no blues. Sentamos nas mesas da rua, pois só lá havia mesas vagas, porém de lá nao se enxergava a banda. E lá fora também tinha um gurizao com um case de guitarra, cara de musico e pinta de quem iria tocar logo, logo. Puxei papo com ele, falei que era brasileiro, que tocava gaita e perguntei como funcionava a casa. "É só aparecer lá na frente e mostrar a tua cara". Putz...

Fui pro lado da banda e comecei a tentar me infiltrar lá. Só que o pessoal que estava tocando nao foi muito receptivo, tava meio que panelinha. Toda vez que a musica acabava, um véio gordao branquelo com cara de quem nao dá umazinha desde a Alemanha Oriental dizia que eu iria tocar na proxima. Ate que o Mauricio fez amizade com o Franklin, um americano gente boa que meio que organizava a bagunca. E foi este Franklin que me colocou pra tocar (logico que só depois que o veio gordao saiu). Chamou outro baterista (um cabeludao magrelo todo vestido de roupa de couro)e um tiozao que vestia uma faixa hyppie na cabeca pra tocar baixo. Ficaram tocando da formacao anterior o gurizao que eu havia conversado e um negrao véio no teclado com uma pinta de bluesman (com vozeirao e tudo). Na confusao de saber que música tocar, ficamos quase cinco minutos tentando decidir, um outro organizador metendo uma pressao na gente pra tocar logo, e a casa esfriando. Até que alguém saiu tocando um shuffle e eu fui atras, sem nem sabermos que musica seria, quem iria cantar, nem nada. Fiquei muito nervoso na hora, porque sai solando a toda, metendo o pé-na-jaca mesmo sem me preocupar com o resto da banda. Olhava pros outros integrantes pra ver se alguém iria cantar depois do solo inicial e ninguem se prontificava. Parei até algumas vezes pra ver se alguém continuava, mas nada. Mas pelo menos a casa tava esquentando. Senti que o pessoal comecou a se animar e o negrao do teclado comecou a sorrir. Ficamos eu e o outro gurizao se revezando nos solos até o baterista se animar e comecar a cantar. Dae vi que nao estavamos fazendo feio e fui me empolgando. E ao final, fomos os mais aplaudidos da noite, mesmo tendo sido uma bagunca geral. É, em terra sem gaitista, que toca um pouco engana a alemoada (tae a explicacao do título).

Bom, pediram pra tocar outra, mas dae deu uma confusao geral porque de novo ninguem sabia o que tocar, o baterista queria tocar Pink Floyd, mas como era uma noite de blues expulsaram-no da bateria, comecaram a tocar uma musica horrorosa, que nao consegui me encaixar nela, dae coloquei o microfone de volta no pedestal e sai pela tangente. Mas o importante foi que já fiz alguns contatos. O gurizao me deu o email dele pra mantermos contato, o Franklin me deu o cartao dele e disse pra eu aparecer todas tercas-feiras lá. E logico que o pessoal da escola gostou, até filmaram. Alias, estou tentando postar um dos videos no YouTube, porém tá uma novela isto aqui. Se continuar demorando muito, sabe-se lá quando vou tentar postar de novo isto de novo.

Continuem comentando.

Abracos.

Forneck